10 de nov. de 2009

Mastigar pedras,
sonhar com jacarés
e pisar em atoleiros são minhas diversões mais recentes.


Respire fundo, tape o nariz e aguente firme a maré braba. Cada rabo que me aparece...

3 de nov. de 2009

10 de out. de 2009

O que (se) foi
É (s)ido!

Tudo azul

   Desde pequena eu inventava que existia uma cor pra cada coisa. E inventava que se um dia crescesse iria mudar as cores que não combinam. Amarelo nunca foi só a cor do sol, é a cor da alegria, me sinto amarela de vez em sempre. Roxa não era só a cor da uva que eu coloria, era a cor das menininhas que me faziam mal na escolinha. Roxo é a cor da inveja, da falsidade. Azul é unanimidade, significa tranquilidade, paz; e pra mim não foi diferente. Branco pra nunca foi cor, nem branco nem preto, mas são essenciais para a composição; concordo que são cores neutras, e neutro é nada. Não gostava de rosa, não consegui o desvincular da minha festa de um aninho na qual eu era uma princesinha... E princesinhas sempre me irritam. Verde, uma cor especial, tão mais bonita quando íamos pra roça comer uma comida mais gotosa do que a da empregada.
   Enfim, sempre que alguém surgia, que me vestia, que pintava ou usava o meu poder humano de transformar, achava que estava reformando as cores do mundo. De fato a vida ganha novo charme quando nos vestimos com as cores e o estilo do nosso humor. 
   Mas, previsivelmente, sempre preferi o vermelho. Vermelho era o meu menor lápis. Não podia colorir sem colocar, ao menos, um pinguinho. E incrivelmente, amo o vermelho mais ainda. Vermelha é a cor da placa de proibido, é a cor da maçã que Eva comeu, é a cor das unhas malditas dantes, é a cor quente do céu da boca, dos lábios que desejam, do rosto envergonhado...
   Queria uma sala vermelha, um cachorro vermelho, uma vida vermelha. Mas, como nem tudo é perfeito, nunca desejei o sinal vermelho. Então, fico feliz de tudo ser assim, tão colorido e quase tão harmonioso.

7 de out. de 2009

Inevitável

Galã + Galante = Galinha.

3 de out. de 2009

Desiludir-se é um processo  doloroso
e inevitável!

2 de out. de 2009

“Ai, seu moço, eu só quiria
Pra minha filicidade,
Um bão fandango por dia,
E um pala de qualidade

Pórva, espingarda e cutia,
Um facão fala-verdade
E uma viola de harmonia
Pra chorá minha sódade

Um rancho na bêra d´água,
Vará de anzó, pôca mágoa,
Pinga boa e bão café...

Fumo forte de sobejo...
Pra compretá meu desejo,
Cavalo bão – e muié!”


Medos

Morro de medo de esquecer

Esquecer o que penso, então escrevo.

Esquecer fatos cotidianos, que são especialmente relevantes para o resultado eu.

Esquecer pessoas contribuintes para isso.

Esquecer as lições que tiro de cada singularidade...

Espero nunca esquecer de agradecer.

Agradecer a mim mesma pela lucidez,

As pessoas que importam, por existirem;

As que não importam por não serem importantes, e assim, não atrapalharem.

Agradecer especialmente ao meu cachorro pela atenção de todo dia.

Não tenho tanto medo de perder...

Só me acho quando perco, ou me perco.

Mas morro de medo de esquecer meus valores

Esquecer que sou honesta comigo mesma, e isso importa.

Esquecer que não vale a pena passar por cima do meu cadáver pra ser feliz.

Esquecer que sou forte e de ferro.

28 de set. de 2009

Para as mulheres

Desabotoem as braguilhas dos namorados e riam a valer!

22 de set. de 2009

Vá idade

(Aniversário da centenária Luiza Guerra)

Com a idade crescem as rugas,
O cabelo branco,
O nariz, a orelha,
Furunculos e dor de cabeça.

Caem os dentes,
Os peitos, pelancas...

Aumenta o balançar do braço,
Da bunda, dos beiços.

Com a idade chegam calores,
Saem pretendentes,
Aumentam as consultas.
Com a idade, lado a lado

A vaidade cresce.

8 de set. de 2009

Aporrinhação

A hora da conciliação é a mais maçante na vida.
Chororô,
lembranças moídas,
mágoas que pedem socorro pra não serem afogadas...
Realmente, um saco!

As minhas mágoas usam bóias, meu coração aprendeu a ser de ferro, orgulhoso, itabirano.
Mas existem momentos em que se conciliar é inevitável,
E pra esses momentos, uma receita infalível:
amnésia!
Memória seletiva.
Uma ótima arma pra escapar daquela ressaca moral.
Uma ótima arma pra escapar.
Boa também pra pedir perdão...
Mas, não ha nada melhor do que a desculpa de ter bebido antes.

Existem porém, casos delicados de conciliação
em familia,
com o marido,
de toda uma vida...
Aqueles que te deixam de cabelo em pé.
Bom... à esses só resta tolerar.
A memória seletiva nem se lembra mais de quantas ja esqueceu.
Rotina e convivência são os maiores inimigos da amnésia...

Mas, quem sabe no programa do Ratinho...

5 de set. de 2009

Uma garrafa de novalgina, por favor!

25 de ago. de 2009

TRECHO

 "... confusamente consciente de que estava fazendo algo que há muito desejava que se pudesse fazer, sem saber como estava fazendo porque não sabia onde estavam os pés e onde a cabeça, nem os pés de quem nem a cabeça de quem, e sentindo que não podia aguentar mais o ruido glacial dos seus rins e o ar do seu intestino, e o medo, e a ânsia aturdida de fujir e ao mesmo tempo de ficar pra sempre naquele silêncio exasperado e naquela solidão terrível."
( Cem anos de solidão- Gabriel Garcia Márquez)

23 de ago. de 2009

ACONTECE

Acontece, às vezes, de assistir oitenta e três filmes e meio só pra chorar, rir, se assustar...
Acontece de beber dois litros de conhaque pra esquecer
Também acontece de perder o dinheiro de esquecer nas sessões de terapia
Pode acontecer de se viciar em molho branco no miojo
Talvez sempre aconteça a perda um amor platônico pra si mesmo
Já deve ter acontecido de tudo ficar maçante e nada mais fazer sentido
E, com certeza, aconteceu de pensar na possibilidade de se alistar no exército

É ai que o bicho pega.
Acontece.
O que nem sempre é o que sonhamos, verdade
E com certeza, quando acontece, não é igual.

Mas é aí que o bicho corre.
Talvez exista uma ponte onde o bicho possa se livrar de acontecer
Ou ser livre para que aconteça.

Um exemplo é querer mais do que nunca pular do segundo degrau nos braços de um estranho
Talvez querer completamente o bolo de chocolate, sem pensar na dor de barriga
Querer descobrir coisas novas e mais novas... E deixá-las de lado quando não forem mais novidade
Ter sede da vida com limão, açúcar e gelo.
Querer soltar um pum no meio da reunião
Querer cantar na chuva de terno e gravata

Não querer, também pode significar querer outra coisa
Se você não quer pular no rio, talvez queira admirar quem pule
Ou talvez pescar...
Quem sabe você queira ser um viajante
Até mesmo queira não ser nada
Ou, na pior das hipóteses; casar, ter filhos e trabalhar
Em todas as ocasiões há a possibilidade de virar hippie

QUEIRA, ESCOLHA, ACONTEÇA.
E lembre-se: não seja piegas como essa obra de blog.

Certeza

Nunca haverá rotina enquanto houver hospitais.

in SENSATEZ

Se eu medisse minhas palavras em uma fita métrica,
não seria sensata;
seria poeta.
Se eu recusasse uma tranza na primeira noite, por medo,
não seria sensata;
seria criminosa de mim.
Se encontrasse um estranho que me pedisse lugar à mesa, e recusasse,
não seria sensata;
seria chata.

Mas se escolhesse falar pelos cotovelos a minha verdade, tranzar com aquele cara porque é um tesão, dar o lugar da mesa à um estranho e acabar gargalhando ou, quem sabe, morta;
não seria hipócrita,
seria sensata.

Ser sensato não é ser um sutiã apertado,
nem é agir conforme manda o figurino;
ser sensato é não se arrepender no dia seguinte.

21 de ago. de 2009

Todo começo tem um antecedente. Nunca o começo é onde se começa. De fato, você começa onde quiser. Gosto de começar pelo clímax, pela explosão. E ela acontece a todo o momento, fragmentando ódio e amor.

Boneca inflável


É o que sou.
Não pra mim, que pena...
Mas pra tantos
Sou porque me faço ser
Sou porque me visto de
Sou porque despir é banal
Pra mim
Sou porque não pareço planta
E todo animal de boa carne
Abatido é
Sou uma boneca inflável
Gostando ou não
Sou porque permito
E se não gosto, omito
E se gosto
Continuo sendo uma boneca inflável
E se respiro, sou moderninha
E se eu peido, toda cidade sabe
E se eu caio, dura pro resto da vida
Bebo
Me descabelo
Morro de rir
Uso, abuso
Recebo e distribuo farpas
Não estouro
Mas continuo
Ainda
Sendo uma boneca inflável,
Porque acima de tudo
Sou mulher.
E bonecos infláveis não são nada interessantes.
21/08/2009

20 de ago. de 2009

Maldades de veteranos

[b][c=36]Luiza[/c][/b] diz:
foi a conta de puxar a calça dela com calcinha e tudo
[b][c=36]Luiza[/c][/b] diz:
colocar um ovo la dentro
Ludimila Tôrres - Até quando o sol raiar... Já sei a eternidade: é puro orgasmo. diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
[b][c=36]Luiza[/c][/b] diz:
e quebrar
[b][c=36]Luiza[/c][/b] diz:
ai ela enfiava a mao pra tirar aquela gosma com casca e tiudo
[b][c=36]Luiza[/c][/b] diz:
pra depois dar a mao pro menino da frente
[b][c=36]Luiza[/c][/b] diz:
ela ficou o dia inteiro sem conseguir sentar, de tanta casca de ovo que tinha dentro da calcinha dela

11 de ago. de 2009

SEMÇASIONAL
JEMTE BOA, LIMDA!

Pérola do Junin

Wiler: Ta bom, prosa... Agora vou perguntar uma que tooodo mundo sabe: O que a banana disse pro tomate?
Ariani: Você me emBANANA?
Ludimila: Ah pára, Junin... falaê!
Luiza: Ninguém merece!
Alguém: Vou te dar uma bananada?
Wiler: Ahh, não acredito. Eu tô com um prêmio aqui no meu bolso pra quem acertar...
(pausa)
Wiler: Pôxa gente, essa TODO MUNDO sabe...
Rafael: Que falta faz um google uma hora dessas.
Wiler: Essa a gente aprende na terceira série... (desapontamento)
Ariani: Perae que eu vou descobrir. Tem certeza que não foi o tomate que falou pra banana?

Tata, Welsin e Jujubinha só sorrisos

Wiler: (Impaciente) Eu que tiro a roupa e você que fica vermelho!
(Risos - pausa - risos novamente)
Ludimila: E a réplica?
Ariani: Eu pensei numa mas acho que nem vale a pena falar.
Luiza: Tem gente que não perde por ficar calado.
Ludimila: Se eu te mostrar meu vermelhinho você tira a roupa?

8 de ago. de 2009

27 de jul. de 2009


COR RENTE

Até não poder resistir
à corrente
de ferro,
de gente,
da gente,
da roda de vidas
que mata, que mente
e sente
Se sente,
aguente!

EN FRENTE


De cara
com pés
ou com a cabeça

de frente
enfrente
enlouqueça

VI VER

De olhos
abertos
E cabeça
fechada
Tudo que
não vive

AREIA. . .

CAS.................................TELOS
CASar......................manTELOS
CASta.......................não TEmOS
CoStas.......................nos dEmOS
Coisas........................per dEmOS

.......................................................CEDEMOS
DESAPONTAR
NÃO APONTAR
DESPONTAR
SURGIR

SOL TE

Na dúvida
Da sorte
Não volte
Se ergua
Se solte!

PAR AR

E dois
bailando
sem pés
amando
sem hora
pra acabar

-desliga-se o som

23 de jul. de 2009

Ú TER O

Sem sexo
definido
Confortável
e protegido
Comendo
com o umbigo

14 de jul. de 2009

7 de jul. de 2009

Despretenção

Meu professor de body sistems disse que sou um elástico, mas é isso que as pessoas aprendem a ser, de um jeito ou outro.

Procura-se um amor Que tenha cor de mel Veneno no sabor Açúcar pro meu fel


4 de jul. de 2009

2 de jul. de 2009

Retrocesso

A volta por cima
uma volta
dar a volta
voltar
depois do choop
da rotina
domingos à tarde
ir direto
para a guilhotina

30 de jun. de 2009


Signi Ficados

Tensão
Olhos,
Mãos,
Pernas,
Nervosas.

Altura
A soberba
de olhar pra baixo.

Transparente
Exibe cores de outros.

Punho
É onde o namorado puxa
Quando quer brigar.

Segmento
Um pedaço
Ou uma vida.

Corpo
A arma do predador.
...alma...

Pilha
Bares em noites
de sábado.

Equilíbrio
Inércia da busca.

Sinal
Erros banais
nas aulas de matemática.

Existência
Criação humana
Para explicar o sonho.

Fóssil
Resistência ao fim,
Segundas-feiras na cama.

Memória
Tudo aquilo
Que você perde aos poucos.

Voz
Mais de uma
é interferência.

Pessoa
Animal previsível.

Sonho
O que se tem ao acordar.

Grades
Um disfarce
de proteção.

Teoria
O raro sonho
explicável.

Tranquilidade
O pingo da chuva batendo na janela,
A falta de consciência.

Verdade
Uma mentira
explicável.

Saudade
Manifesto de memória
do que não terminou.

Humano
Todo calor
do abraço.

Família
Mais difícil photoshop
de capa de revista.

Intocável
Luz.

Amor
A invenção humana
mais controversa.

Respeito
Medo
Admiração.

Mágoa
Escrita à caneta.

Dinheiro
Papel corrompido.

Esfera
Tudo,
no fim das contas.

Exato
Sinônimo de certo
por ser calculável.

Desgraça
-Palavra feia, menino!
Bater na madeira.

Natural
Nasce
e morre.

Insônia
Passar a noite
segurando a eternidade.

Mulher
Desculpa
de culpa.

Contra
Aquilo que é diferente
e descartável.

Desejo
Tato, olfato e paladar.

Desprezo
Interesse mais profundo.

Eterno
O pó.

Abraço
Quebra-cabeças
completo.

Imóvel
A samambaia
de plástico.

Loucura
Todo sonho
que falta peças.

Demente
Todo aquele
que é jovem

Morte
O fio de cabelo
que tinha raíz.

Fruto
Ter que plantar
para colher.

ON
O botão
de desligar-se.

Guarda-roupas
De onde todo mundo
quer sair.

Escola
A porta
e só.

Estômago
Sinônimo
de resistência.

Rotina
Mecanismo
de repor ilusão.

Música
O barulho
bem controlado.

Política
O bolo
não dividido.

Escova
Instrumento de alinhar
e revistar.

Calendário
O horror do passar do tempo,
A espera do dia marcado.

Compra-se
Tudo aquilo
que não se consegue conquistar.

Importante
Quem tem dinheiro
e memória.

Solidão
Detestar a própria compania.

Disperso
O que é atento
a si mesmo.

Bom
Tudo aquilo
que nos interessa.

Cansaço
Ver
e enxergar.

Macio
Dormir de conchinha
no colchão duro.

(Ludimila Tôrres- 30/06/2009)

25 de jun. de 2009

ZOO EU

POMBA

No teu peito de contralto,

No andar mecanizado,

Geme a paz,

Chega o recado.


VAGALUME

Em que noite, em que treva

me perdi, vagabundo

Não se vá, nem se atreva

a apagar-se um segundo


Abelha

TUAS ASAS SABEM A MEL

E O TEU MEL À AMBROSIA;

O TEU MACHO É REI E RÉU,

SERVO, SUDITO E CRIA.

20 de jun. de 2009

Hoje

Estou oca por fora.

19 de jun. de 2009

Camaleoa

Olhos de cadela
ao passo que vira uma fera
se contrariam seus instintos
Quando cheira, sabe a cor
Quando vê, sente o gosto
Quando atira, aspira o cheiro
E ao ficar sozinha, num canto
É menina
Desmonta na ducha fria
Engole desculpas
Provoca arrepios
Faz cara de pastel
Ronda
Prepara
Ataca
Sutilmente
Sem parecer atacar
É forte como novela
Maria do bairro
Maria
Santa às avessas
Estrela cadente
Ela nunca se diverte
E sempre atira a primeira pedra
Caráter
Esperança

Fidelidade e peitos
Peito! Coragem!
E foje
Parte pra cima
Me parte
São duas
São várias
Não são.

Ela nunca tem ressaca moral.

19 de mai. de 2009

Shakespeareana

To be AND not to be:
That is the CONTRADICTION.

17 de mai. de 2009

Vinicius de Moraes











Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!

Para Tata, amigo


Eita sujeitinho ensimesmado quando arresórvi tirá os verso da cachola... Cabra da peste aquele baixinho! Fidumaégua, fidumarapariga!
Já passei foi a garrucha nuns três violeiro assim, pidino arrego pra essa rapariga aqui que num tem dó nem de santo nem do demo. Punhava era uma bala no lugar dos denti do infeliz. Não tem limites pra fouxidão do homi quando ele se punhe a tocá. Meu São Lázeo, meu São Ciprião... Não adianta nada, nem reza braba. Mais é chegá a madrugada ou fim de tarde que vira um disse-me disse-me que só. Violeiro baum. Que se num fosse baum eu num punha aqui meu côro a prova. Cabra porreta, pois óie, se num fosse porreta eu é que num ficava aqui encheno as cisma do safado branquelo. O tal que se um dia se fô dessas banda de Itabira dos Mato drento, inté penso que vo sinti farta do maledito! Já se vê que num é cabeça chata ou vermêio. Pois venho porque vim atestar a fama do cabra. Pá nenhum calanguinho butá defeito. E está atestado e feito.
Digo e num tiro! Disse, ta dito e pronto.

Para um amigo


Num remoto vilarejo de Itabiracity vivia um mentecapto. Não se sabe ao certo o seu nome, mas como Pedro o trataremos. Uma pluralidade de cores, sabores e formas.
A lenda conta a história de um garoto “arco-íris”, que possuía um lampejo de ínfimo brilho, como um diamante rosa. Quando o sol se punha ele batia palmas, e, à noite, saia pela pacata cidade executando peripécias. O estranho é que por onde ele passava, um pequeno arco-íris ficava; o ar tornava-se esfumaçado e expelia sabores estranhos.
Se ele sentia-se livre, um verde era facilmente visualizado e um sabor refrescante, quase hortelã era percebido. Às vezes o cheiro da liberdade de Pedro era tão forte que as narinas de quem passava ardiam pela substância expelida. Um lilás também era percebido depois de umas e outras. Ele se soltava e um gosto adocicado, um cheiro de pipoca, uma leveza penetrava em todos aqueles que respiravam o mesmo ar que Pedro. Ele nunca passava despercebido. Seu rosto assimétrico expressava exageradas formas de sentir. Era azul durante o dia, alaranjado ao pôr-do-sol e vermelho à noite. Às vezes se realçava com uma luz branca incandescente. Era bege quando magoado, trazia sabores salgados, não tão ruins, como se mínimas partículas de lágrimas se dissipassem no ar. Era roxo quando estressado e cor-de-rosa à todo momento. “Branquinho” pra uns, “Nego” pra outros.
Conta a lenda que ele nunca deixou de ser menino; e que à noite ainda podemos sentir cheiros, observar cores, perceber sabores e formas esfumaçadas em Itabiracity.

Por: Ludimila Machado Tôrres

AUTO BIOGRAFIA

Claro que, em um blog, é clichê as pessoas escreverem sobre elas mesmas e eu, particularmente, não sou fã disso. Somos muito insignificantes. Mas, passeando pelas entranhas do meu computador, encontrei um trabalho de escola de quatro anos atras, meu primeiro primeiro ano (repetição proposital, motivo de repetição do primeiro ano) para a aula de orientação vocacional. Sem cortes ou edição, fiquei impressionada com minha propria biografia. Por motivo de não querer perdê-la (no caso de meu computador comê-la) e a vontade de compartilhar, publico aqui:


Meu nome é Ludimila Machado Tôrres, Machado é espanhol (descobri num filme), é meio foda escrever a minha história porque eu já passei por muita coisa, muitas experiências e tudo resulta no que eu sou hoje. Não espere que eu me formule dizendo que sou uma pessoa “assim” ou “assado”, ninguém é capaz de se formular, de colocar características fixas... Sei lá, eu sou do tipo de pessoa que muda sempre, muda de comportamento, de jeito de pensar... Por enquanto eu não achei nenhuma rotina que me satisfaça. Ta, vou começar do começo: eu sou a primeira de três irmãos lá em casa, minha mãe está casada com o meu pai há 26 anos e quase um mês, ou seja, ela demorou 12 anos para conseguir engravidar (Deve ter sido psicológico, porque nem ela nem meu pai tinham nenhum problema). Aí pronto, eu cheguei e foi uma festa lá em casa (dá pra imaginar, né?); quando eu ainda era filha única era mimada de todos os lados, ainda bem que vieram meus irmãos e me tiraram da almofadinha... Tenho dois irmãos, O Hugo – 12 anos e a Camila – 9 aninhos. Eu esqueci de comentar, nasci no dia 27 de Março de 1991, no mesmo dia do aniversário da Xuxa e descobri há pouco tempo é no mesmo dia do aniversário do Renato Russo também. Sou do signo de Áries, ascendente infernal de Peixes (minha mãe), não me dou muito bem com ela, mas prefiro não comentar. Também sou Cabra do horóscopo Chinês e meu número na numerologia é 9. Sou batizada na igreja Católica, mas não tenho nenhuma crença ou religião e não pretendo fazer a Crisma. Eu amo Filosofia e adoro ler tudo a respeito, só acho que é preciso um pouco de fantasia para a vida ter mais graça, né?! Continuando, eu me considero uma pessoa muito diferente no meu modo de pensar e de levar a vida, desde nova eu gostava (e gosto) muito de ler, praticamente eu não fico sem ler e todo mês eu leio um livro no mínimo. Gosto muito de teatro e comecei a atuar em um grupo (ITART) com sete aninhos apenas, desde lá eu adquiri muito conhecimento a respeito, mas não estou nem no mínimo do que eu pretendo chegar. Sou realmente fascinada por teatro e pela história do teatro (Charles Chaplin, Bertolt Brecht, Constantin Stanislavisk...). Eu já tive ate vontade de seguir a profissão de atriz, falava que era pra poder ser e conhecer um monte de coisa diferente numa só profissão. Eu achava isso o máximo, poder ser médica, bruxa, aprender a cuspir fogo (adoro cuspir fogo), podia ser princesa, vampira, ser malvada sem culpa, poder morrer e viver assim de uma vez (...), acho isso fantástico! Eu saí ano passado do grupo porque estava sem tempo e o teatro exige muito sacrifício, acho que por isso eu não seguiria mais essa profissão; não por ser uma profissão instável pois quando se é empreendedor consegue-se estabilizar e ser bom, mas por ser uma profissão exigente (eu gosto de tatuagens e acho que vou fazer mais algumas, alem de não dedicar horas e horas do meu dia e da noite só pra uma atividade.), também o ator é muito dependente do diretor, e isso me da um pouco de raiva porque eu não gosto que me limitem, limitem minha criatividade e minha vontade. Aí teatro acaba sendo um hobby meu. Também já fiz escoteiro, uma pá de cursos que eu nem me lembro muito agora. Morro de vontade de acampar com meus amigos nos finais de semana, feriados... Mas aí fica só na vontade mesmo, está fora de cogitação. (Eu dano a ficar fazendo comentários, né... e minha história mesmo quase nada ate agora. É que eu procuro não detalhar muito os fatos, mas sim o que eu sou {ou penso que sou}). Então, continuando, desde muito nova eu gostei muito de arte, gosto muito de música também e amo Raul Seixas, acho que devo muito ao que eu li e aprendi com as musicas dele; não sigo nada nem ninguém mas eu acho que esse cara se parece muito comigo, muito. Também gosto de Legião, Cazuza, rock em geral (acho rock bem bacana). Tenho uns ideais meios hippies, pelo menos é o que me falam, sou muito filosofa mesmo, adoro ficar meia doida meia confusa porque eu gosto mesmo é de ser única, de pensar sozinha... Sei lá eu costumo falar que quase tudo hoje é uma latinha de conserva, que é tudo pronto só abrir e usar: o pensamento é pronto, a roupa você não precisa escolher, não precisa de nada porque você é uma latinha moldada de acordo com o que você foi destinado a fazer e pronto, você não pensa porque pensam pra você. Eu não, gosto de ser diferente, de conhecer pessoas diferentes... Não conseguem me rotular como rotulam uma latinha, me definir... Continuando, eu também me interesso muito por política, minha mãe já trabalhou na Câmara e agora ta na prefeitura então acho que é daí que ta meu interesse, não pretendo nunca ser política, mas acompanho tudo e tenho uma critica bem apurada pra minha idade. Paulo Coelho (que eu não gosto, pra ser clara, das obras; mas acho um cara muito inteligente mesmo) disse uma vez: “Eu não quero ser o presidente, prefiro ser o amigo dele”. É uma questão de esperteza e o mundo é dos espertos, por isso eu penso sinceramente em ser jornalista, mas não tenho opinião formada a respeito ainda. Eu não assisto TV, aboli completamente (acho que é muita comessão de mente). Outra coisa que eu acho uma merda é a danada da escola, formação de burro, de gente moldada e que pensa que sai mais inteligente. Escola é onde fabricam as latinhas mais conservadas, mas sociedade é de onde as latinhas vêm. É na escola que você “aprende” a ser um MODELO (odeio essa palavra), aprende a se comportar, vestir, falar, pensar(...). Os professores com a pose de quem sabe e você com a pose de quem ta ficando inteligente mesmo, eu nunca gostei dessa merda, coisa antiga... as unicas coisas que eu tenho orgulho mesmo de ter aprendido foi com livros que eu mesma escolhi ler, com a minha vida, já tive que passar por muita coisa que muita gente nem imagina. Sei lá, sou muito egoísta mesmo! E ao mesmo tempo que eu acho isso um defeito feio acho também uma qualidade muito especial... porque eu gosto de independência. Acho que não vou depender de marido nem de pais a vida toda, gosto de não dar motivo pra ninguém me “podar”, me controlar... Gosto de ser forte, não curto gente que reclama de nada não... Outra coisa de bobo é a merda do vestibular viu! Os professores fazendo medo em você todos os dias por causa dessa prova, ai vai a pressão da família dos bobos que já passaram... você coloca muito peso nessa merda de prova que pensa que prova o que você estudou em 12 anos ne. Aff, parei de esculaxar agora ta, eu esculaxo mesmo... eheheh
Tenho sim sonhos, muitos, e são tantos que eu não sei qual o maior. Mas é engraçado como eu não sonho mais com grana, com profissão. Meu sonho não é nenhuma profissão, na verdade eu não teria uma profissão só, fixa, uma “IDENTIDADE” como o povo chama, se não fosse só o meio de me sustentar. Meu sonho é poder pensar do jeito que eu penso, fazer um milhão de coisas, um milhão e meio de amigos, curtir tudo sem preocupar... assim, ter uma mente jovem ou ate mesmo mente infantil pra sempre. Porque eu adimiro muito as crianças, elas já nasceram com a melhor filosofia de vida e ninguém se deu conta disso ainda. Tanta gente procurando um meio de viver e se esquecem que as crianças tem o melhor deles... sei lá, acho que eu vo ser criança mesmo, sempre. É que eu não sou regradinha, não me coloco limites. A noite eu do uma de doida e fico olhando pro céu, saio na chuva quase sempre que chove, saio sem rumo, dia de sol eu saio também... deito na grama, se ta muito silencio eu grito do nada, canto alto e no ritimo que eu quero. Eu vivo mesmo no mundo da lua... Nunca faço mal a ninguem, é bom que você saiba mesmo. As vezes eu mesma acabo me machucando, mas é bom aprender a se levantar sozinha, quanto mais eu me machuco mais forte eu vou ficando, mais esperta! Sou maior que meus problemas, tipo sociedade alternativa mesmo. Tem uma coisa que eu gosto muito também que é a mitologia egípcia; a deusa Nuit, deusa da supremacia feminina e um dos ícones pro livro da lei de Aleister Crowlley, é mais ou menos assim: A mulher é a dadva do universo pois ela cospe o homem pra fora de seu ventre no mundo, como mãe; e o recebe de volta como sua esposa. É claro que é mitologia, mas eu gosto muito dessa ideologia, a FORÇA. Mas a minha filosofia mesmo é o yin yang, equilíbrio.
Mas você já deve estar cansada de filosofia ne, vou falar de esporte então. Gosto muito de esporte, não me lembro agora de algum que eu não goste.amo muito mesmo, não sou a melhor não, mas gosto muito.
Eu tenho um namorado que eu amo muito também, tenho muitos amigos e uma facilidade grande de conhecer gente diferente, se você não percebeu ainda eu falo demais, acho que deve ser isso mesmo, gosto muito de conhecer gente nova. Meu ponto fraco é com a minha família mesmo, não me sinto bem em casa, não gosto mesmo de conviver com ninguém lá de casa, sei lá mas eu acho que sou a ovelha negra mesmo. Mas isso não é coisa momentânea não, vem desde que eu me conheço por gente, é coisa minha, não gosto mesmo...
Eu não como verdura, não! Não não não!!! Agora, coloca uma barra de chocolate na minha frente pra ver se ela dura cinco segundinhos... doce, eu como ate açúcar pura, tenho anemia, já tive principio de diabetes por causa da minha glicose alta, mas não adiante, não passo um dia sem chocolate mesmo. Todo dia eu tenho que tomar sulfato ferroso, mas ta de boa.
Fico duas horas no banho se deixarem, mas meu quarto coitadinho, não me merece. Não sou nem um pouco organizada a não ser com coisas tipo escola e tal, mesmo assim fica um pouco a desejar. Meu guarda roupa só eu que encontro o que eu quero mesmo, é uma montanha, ta tudo misturado, calça, calcinha, blusa, camiseta, meuia, desodorante, tem coisa que eu nem imagino que possa estar quando eu encontro.
Sempre que tenho tempo livre eu procuro me distrair, sair de casa, arejar a cabeça, namorar... gosto de cinema, de musica, de internet, adoro clube, jogar xadrez, quase todo dia eu escrevo, adoro escrever... tem poemas, textos... juntando tudo deve dar umas 500 coisas diferentes mas eu não mostro muito pra ninguém, acho que é o meio de eu deixar minhas “memórias”... coisa de doido ne. Ah, eu amo bicho, animais, minha mãe me chinga mas se eu ver uma pessoa sofrendo e um cachorro eu ajudo primeiro o cachorro. Amo animais mesmo.
Não sei mais o que dizer... acho que eu sou eu mesma, tem uma coisa muito importante: vermelho é minha cor predileta... ah, isso não importa. Então agora eu não sei como terminar, acho que vou terminar terminando mesmo, seco, meio xato. Acabou, cansei de escrever.
Os. Não mostra pra ninguém não hem...

EMPESTAÇÃO


Estamos falando diretamente do Planalto Central onde uma terrível infestação parece não acabar. Nunca antes vistos em toda a história, tantos vampiros juntos discutindo suas mordidas. Tentaremos falar com um deles, senhor...
-Não sei de nada, são falsas acusações.
Vamos procurar algum caçador, mas nenhum se manifesta. Caçar vampiros parece uma difícil tarefa, todos possuem muito poder. São vítimas e carrascos das suas mordidas e CPI’s. Um marco na história brasileira. A grotesca imagem do vampiro, já desvanecida aos olhos fúlgidos da história; comungando nesse imenso circulo o sangue das suas capturas. Todos se entendem, o Senhor, o caseiro, o Deputado, o Banqueiro, o Capitão... Mas nenhum caçador se manifesta. Capturados, também, confessam que o sangue é suculento e irresistível.
Você da poltrona, do outro lado da tela, que está trabalhando... Vitima de ataques ao seu sangue, ao seu suor. Terrível epidemia de vampiros se alastra rapidamente, tome muito cuidado! Os sãos nada fazem, se escondem, se omitem ou acabam contaminados também.
Repetindo, estamos registrando um marco na história brasileira! O Palácio vira circo, tribunal. Enfermos! E os sãos nada fazem impotentes. Acabará o sangue bom? E as crianças? Tire o seu filho da sala! Nascerão enfermos? Frágeis? Morceguinhos?
E os bons? Onde estão?... Não! Socorro! Não...

Ludimila

BUCHA DE LOMBRIGA


Há dias ela observava que as crianças daquele abrigo estavam barrigudinhas e magras. Não poderia ser descaso da prefeitura que, a pedido dela, mandou um caminhão de filtros para as famílias desabrigadas da chuva. Mas a negligência e ignorância dos pais dessas crianças, que se não se preocupam com a educação, quanto mais com a saúde!
E como sempre, ela teria a absurda missão, não de colocar novamente as crianças na escola, mas de tratar da higiene da família, fiscalizando todos os Box de madeirite.
Era respeitada por todos daquele lugar, até mesmo os menos sociáveis. Era esperta.
-Ô Dona, tudo bem c’ôce?
Fazia que estava bem. Pedia licença para dar uma olhadinha no cômodo, e verificava tudo com naturalidade. A sujeira não era apenas visível, mas sentida mesmo com o olfato menos apurado. Poeira. Fogão imundo, panelas na pia a espera de água. O cômodo acomodava mãe, marido e três filhos. O mais velho com oito anos de idade. A família não possuía nenhuma renda aparente, mas ela sabia que naquele lugar dinheiro não era sinônimo de emprego. A cama de casal estava a um metro da geladeira, que se aberta toda vizinhança reconheceria o que havia dentro. Mas a cordialidade dela mascarava toda aversão àquela mãe de família e a permitia dizer coisas como:
-Suja essa casinha sua em Delfina, quero ver quando a prefeitura entregar a casa nova como é que você vai arrumar com essa porcaria... Que relógio bonito, antigo?
E continuou assim ate que, por fim, pediu um copo com água.
-Só tem da torneira.
-Mas por quê? E o filtro novo que dei pra vocês?
Foi direto verificar. Percebeu o nervosismo da Delfina quando abriu o filtro para ver o que tinha dentro. Buchas de maconha. Papelotes muito bem acomodados dentro do filtro.
-Ah, Delfina! Que porcaria –despistava- Pode ir tirando esses rolinhos, ou sei lá o que daí e colocar água pras crianças agora! Nunca vi que idéia de jerico, colocar rolinho de cabelo dentro do filtro!
Rapidamente os papelotes foram retirados e sem que ela percebesse o filtro já estava sendo lavado e cheio. As crianças não tiveram mais lombriga e nada mudou a relação cordial que mantinham. As vezes pra ser espertos temos que fingir de mula.

Ludimila 16/09/06

DEUS É AMOR E DINHEIRO.

Seu pastor não rouba não,
Metade do seu salário
É pra pagar o seu perdão.
Funciona assim: a nossa igreja é do bem
Dinheiro não trás felicidade a ninguém
Dei-nos o seu e seja feliz.
Não se apegue ao material, fiel.
Compre agora um lote no céu!
Anéis de ouro, colares de diamante...
Desfaça de tudo, nada lhe é importante.
A hora da coleta,
Oh,pai! Hora sagrada...
Venha carregado de pecado
Depois não lhe sobra mais nada.
Irmão, fé em Deus...
Ainda tem lugar no céu pros filhos seus.

Deus é amor e dinheiro.
Nossa sede: 666, Av. João Pinheiro.
Barracão, camping e visitas ao céu,
Preços acessíveis e negociáveis.

Não perca essa chance!
Deus é amor e dinheiro,
Descapetização total!
_Diversas filiais.

Ludimila 03/02/06

O TRAUMA


Após o cumprimento de nove meses de reclusão em regime fechado, num minúsculo e abafado envelope de papel pardo; sem direito a banho de sol ou refeições diárias o inocente fora levado, ainda preso, à sala do delegado.
Via o sol nascer quadrado por uma janelinha de dois centímetros quadrados. Passou frio, enfrentou sozinho dias de calor intenso... Nunca possuíra o direito de visitas semanais, mas era estimado e de família. O pobre era sempre lembrado com lástima e impotência pela mulher que tantos anos o guardara. Mulher que, neste dia rompeu duas horas burocráticas e frustrantes para conseguir vê-lo.
O fitava com piedade através da minúscula janela, pois o preso deveria ser fotografado antes de qualquer ação. Finalmente o inocente foi solto sem nenhum direito a indenização. O reencontro com a Mulher foi emocionante; o pequeno e franzino lhe enchera os olhos. Ela deu-lhe um grande abraço e o pegou no colo:
- Coitadinho do meu neném, gente. Agora tudo vai ficar bem, viu. Pra cadeia você não volta mais.
E de tão contente, nem comentou o fato do assaltante da sua bolsa estar solto e o canivete seqüestrado dentro dela e por sorte, resgatado; ter sido apreendido pela policia como prova durante nove meses.
O delegado não escondia tamanha vergonha pela incompetência; mas a mulher não deu atenção. Tratou de tirar o traumatizado canivete que há tempos ganhara de seu pai daquele lugar. Mas nunca mais o pequenino fora o mesmo...
Ludimila 14/09/06

14 de mar. de 2009

Pequena passagem aleatória


Te divirto
Canso
Te canso
Me divirto
Tomo na sola
Dou na sua cara
Escanteio pra mim
Chuto a canela
De quem me atravessa
E choro
E canto
Abuso
Machuco
Disparo como uma louca
Balinhas de menta e sarcasmo


Eu nunca tenho ressaca moral
(Ludimila Tôrres)

A menina que não sabia dizer não.


Um pequeno retrato da minha menina triste.

O vestido era preto, como a negrura que ocupava seu coração. Preto como o terno que, a canto de olho, ela não deixava em paz. A única luz vinha da pele e do cabelo loiro, que mais tarde ela pintaria de preto também. Mas estava linda, parecia a debutante no baile da amiga.

O “sim” era negro. A palavra soava negra, assim como tudo ficou depois dela. Mas a menina já não sabia mais dizer “não”, as três letras grudavam, se agarravam a uma lembrança funda. Não saía. O sim era pra outro terno e desviou. Era só fechar os olhos agora, com eles fechados tudo parecia igual. O primeiro beijo não era pra ser assim e ela sabia, mas não sabia mais dizer não.

Daí em diante, bem... Nada de cor de rosa. A menina cresceu e o “não” continua engasgado. E quanto mais “sim’s” ela pronuncia, mais negro tudo se torna. O nome, os sonhos, o antigo terno, o arrepio gelado, a vergonha no rosto, a volta pra casa, o sol da manhã de domingo. A menina cresceu, e ainda é uma menina em preto e branco. O perfeito retrato de olhos baixos, braços cruzados, num canto qualquer e uma esperança. A menina que não sabe dizer não também não aprendeu a voar.

(Ludimila Tôrres)

28 de fev. de 2009

Conclusão do dia

Ex namorado é café requentado

22 de fev. de 2009

Carta sem resposta


Vai por mim, não é do seu interesse. E você, além de não gostar, sabe como é. Claro que também já escreveu milhões de vezes “por” ou “para” alguma ingrata que te deu nas solas. E ainda deve pensar: “se ela não tiver jogado fora...”. Sei como é, e deve ter doído em você. Antes de ser ingrato comigo, também fui a geladeira. E se te consola ou alimenta ilusões, tenho antigas cartas e presentes guardados. Quem sabe ela também.
O caso é que nada disso tem algo a lhe acrescentar, visto do pressuposto que eu sempre mereci os olhos de vidro e as mãos de pedra. Eu te diverti, e te cansei. E exatamente isso aconteceu nas três (ou quatro) situações as quais me refiro. É sempre assim (claro que digo isso, pois voltei ao estado sólido). Um sempre tem que ser o gelo, e o gelo sempre vai se derreter com algo mais gelado ainda. O que acontece é: diversão, tolerância, amizade e cansaço. Mas não dá pra cansar e só cansar. Existe um critério clichê: explicação. Não é mais necessário.
Quando você era gelo e eu, derretida; éramos um barato! De outro jeito não dá, ficamos a 20 por hora. E no estado liquido, o qual o espertinho se livrou, ficamos dependentes; maleáveis. Mas eu escorri, você me soltou. Talvez tenha virado vapor, tive que chover, molhar. Mas sou gelo de novo. E, vai por mim, nada disso vai mudar. Não diz nada. É que a parte liquida que me escorre insiste em te escrever que eu não ligo mais. E quero que você realmente se derreta por alguém que também se derreta, e se una. Gosto de você depois da chuva e de um jeito saudável, além de não esperar (ou querer) nada de impressionante da sua parte. Só quero que se derreta, ser gelo por tanto tempo não deve ser divertido. Abraços e beijinhos coloridos do ice refrescante que te escreve sem esperar (ou querer) resposta alguma.

Platonismo interrompido




Eu tinha doze anos e bambeei as pernas
Ele era alto, forte, sobrancelhas grossas
E um lindo rosto de espinhas
Queria me beijar
Nada de beijo nos três foras seguidos
Mas o amava loucamente

Eu tinha quatorze anos quando tive a quarta chance
E beijei!
Foram beijos na boca, bochecha e pescoço.
Me levou pro estacionamento
Queria me despir
Nada de sexo e uma briga idiota
Mas o desejava como uma enferma

Eu tinha dezessete anos e tranzei com ele
Nem sei se com ele ou com o conhaque
Talvez mais com seus dois amigos
Sai da sua casa e estava no bar
E quis ter beijado ou tranzado antes
Quem sabe nunca
Ele era melhor de cama há cinco anos atrás

Dona Eleonora


Já namorávamos,
Sem nos conhecer.
Você me procurava
Na porta da escola,
Eu te esperava me procurar.

Os beijos,
Eram sorrisos simplórios.
Nas brigas,
Me escondia pra ver
Se você me procurava.
E procurava.

Era isso,
Não tínhamos nome,
Só uniforme.
Não nos falávamos,
Olhávamos.
E passou muito tempo.

Até que nos vimos,
Num carnaval.
Não era tão bom na cama,
Como imaginava.
Nem tinha o ar protetor.
Nada de sensações.

E quando nos vimos
No carnaval,
Acabou o ingênuo amor.

8 de fev. de 2009

A FELICIDADE PODE DEMORAR

Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado. Às vezes nos falta esperança. Às vezes o amor nos machuca profundamente,e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa. Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar...é nossa razão de existir. Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino. Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa. Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um pôr do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto. É a força da natureza nos chamando para a vida. Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade. Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo. Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram... Descobre também que outras disseram eu te amo uma única vez. E agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrado. Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatoresimportantes: a relação com a família, as condições econômicas nas quais se desenvolveu. (dificuldades extremas ou facilidades excessivas formam um caráter), os relacionamentos anteriorese as razões do rompimento, seus sonhos, ideais e objetivos. Não deixe de acreditar no amor. Mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguémque dê valor aos mesmos sentimentos que você dá. Manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam. E certifique-se de quequando estão juntos, aquele abraço vale mais que qualquer palavra.Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoate deixar, então nada irá lhe restar. Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco. Pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar e seu sofrimento será aindamais intenso, do que teria sido no passado. Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário. Existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo. A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna. A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem...

Luis Fernando Veríssimo

DAR NÃO É FAZER AMOR

Dar é dar.Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.Mas dar é bom pra cacete.Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...Te chama de nomes que eu não escreveria...Não te vira com delicadeza...Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.Melhor do que dar, só dar por dar.Dar sem querer casar....Sem querer apresentar pra mãe...Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...Te amolece o gingado... Te molha o instinto.Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.Dar é bom, na hora.Durante um mês.Para os mais desavisados, talvez anos.Mas dar é dar demais e ficar vazio.Dar é não ganhar.É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro. É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra daro primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:"Que que cê acha amor?". É não ter companhia garantida para viajar.É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.Dar é não querer dormir encaixadinho...É não ter alguém para ouvir seus dengos...Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito. Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.Esse sim é o maior tesão.Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuarExperimente ser amado...

Luiz Fernando Veríssimo

8 de jan. de 2009

Abraço estranho


(08/01/2009)

Com um sol alegre, desse jeito moleque arteiro, a tarde fica com jeito de manhã dominical com aquele cheiro de pique-nique na praça. Na certa fez as pazes com a lua nessas férias, pois ela sorri tímida, quase desaparecendo, desajeitada; na incandescência fervorosa que a paquera.
Sempre orgulhosa com sua noite, egoísta, vaidosa, o centro das atenções e em constante luta por uma boa forma ela não se rende fácil ao despreocupado sol que chora com sua sutileza. Por mais vaidosa que seja, a sua forma rechonchudinha é a mais encantadora – sem mentiras!
Mas nessa tarde, justo nessa tarde em que eu me rendi ao céu e ao marasmo, ela se rendeu aos abraços quentes do sol; com um sorriso de meia boca e um olhar desgovernado que paira no chão à evita-lo.
E também sinto os abraços do sol, daqueles que te segura e te bambeia. Me faz querer deitar na grama e adorar os pássaros que brincam de voar. Sei que pareço uma boboca da época da vovó, mas é o que fazem os apaixonados ao se renderem a lua, e a lua ao se render ao sol. Sou uma das velas mais satisfeitas. Com ambiente devidamente encomendado, reconciliação de astros calculada, musica escolhida e o culto de abraços pra completar.
Abraço de sol, de lua, de grama, de vento, garoa e de graça!

Metamorfoses


(Ludimila- 11/01/2007)

Nos adaptamos facilmente a viver em simbiose.
Tanto ficamos juntos que nos tornamos dependentes,
União imprescindível à nossa sobrevivência.
Tanto que de nós nos esquecemos.
E subtraímo-nos a um.

Evoluímos em câmera lenta...
E nos tornamos parasitas
Aproveitando um do outro em dependência de seus corpos
E dividimo-nos em metade de um só.

Caímos para comensais,
Éramos dois distintos nutrindo-nos do resto do outro.
Mas a nada agradável forma de vida
Carecia evolução.

Partimos para o inquilinismo,
A mais desonrada relação que pude manter.
Usar você como suporte pra minha fragilidade.

Tendo em vista evolução fajuta
Nos adaptamos dolorosamente à vida em sociedade.
Onde nos descobrimos dez em dois
E designados a fazer o melhor pra nós mesmos,
Livrando-nos de predar-nos ou competir um com o outro;
estabelecemos a relação interespecífica mais saudável de que se tem conhecimento.

Tradução do meu diário


-Sem correção ou alteração

03/08/2001
Sou Ludimila Machado Tôrres – dia em que comprei essa agenda: Hoje.
Ainda hoje irá ter o show dos meus maiores fãs, KLB! Mas é bem capaz que eu não vá pois minha mãe ainda não deixa. Espero que ela mude de idéia pois o show vai começar às 11 da noite.

04/08/2001
Sim, minha mãe mudou de idéia e eu fui no KLB, o trio que eu mais gosto. Afinal, são os cantores que eu mais gosto.

- O meu admirador oculto é Paulo, eu o adoro.

05/08/2001
Adoro KLB e foi por causa deles que peguei dinheiro do meu pai, apenas para figurinhas. Eu amo KLB.
Eu tenho uma confidente: Letícia.
No dia dos pais eu quero lhe dar a ele uma calculadora e um canivete...
EU AMO MEU PAI!

06/08/2001
Criança Esperança:
5 reais
Tel. 0500 70 86 005
15 reais
Tel. 0500 70-86 015
30 reais
Tel. 0500 70 86 030

08/08/2001
Douglas é muito legal!

09/08/2001
Marisa me deu um bilhete e eu não sei o que fazer agora que vou ter que o entregar assinado.
LUDIMILA!!!

13/08/2001
Esses dias acho que foram os piores dias

(Omissão de dados)

27/08/2001
Tenho que me lembrar que no fim de semana agora vou na casa dos meus padrinhos – Margarida e Chico

28/08/2001
Lembrar de fazer a experiência da planta. Semente: Couve chinesa.

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Parece que minha mãe arrumou uma secretária.

(Omissão de receitas de panquecas, sorvetes e afins)

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Hoje essa semana sou monitora e preciso de um espaço para escrever certos nomes.

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Fui a Belo Horizonte comprei roupas e amei um óculos azul que tenho.

01/09/2001
Hoje estou fingindo estar com dor de cabeça e até chorei

02/08/2001
Não consegui faltar a catequese

07/04/2002
Faz 86 dias que tinha perdido a minha agenda, hoje felizmente a encontrei.
Obrigada Senhor!
Até tinha me esquecido da agenda e ela me apareceu!!!
Gostei muito.

27/05/2002
As pessoas mudam, veja só: fiz uma festa escondida da minha mãe e do meu pai, ai levei um chingo dos dois pra nunca mais.
E Brígida ficou com Aristeu.
Foi tão bonitinho!!!

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Estou na porcaria da sala de aula.

(Ludimila Tôrres)

Maldade

Quase uma maliciosa timidez

Me inibe de pular no seu pescoço.

Assim,

Você pula no meu.

Título nada criativo: Meu quarto


Tem um ursinho no meu quarto
Ele me diz I Love You por alguém
Também tenho um porta-retratos
Moldura cor-de-rosa e uma menina
Tocando seu pianinho Made In China
Um microssistem
Pra ouvir meus rocks prediletos
Acima, um ventilador eficiente
Ameniza o mormaço que as paredes criam
Também não me desfaço de papéis inúteis
Tenho um baú de palha com meus livros
Um mago, uma bruxinha, um porta-incensos
Em cima do guarda-roupas, umas tralhas
Dentro, nada mais do que outras delas
Estou numa mania de bolsa também
Nunca tive tantas juntas
Uma vaquinha, tartaruga, urso, urso
Coração
Sou atleticana, no forro da cama
Uma mesinha antiga e cheia de história
Em cima dela alguns segredos
Lápis, cd’s, perfumes
E a dúvida
Será que acertei no presente do namorado?


(Ludimila Tôrres)