28 de fev. de 2009

Conclusão do dia

Ex namorado é café requentado

22 de fev. de 2009

Carta sem resposta


Vai por mim, não é do seu interesse. E você, além de não gostar, sabe como é. Claro que também já escreveu milhões de vezes “por” ou “para” alguma ingrata que te deu nas solas. E ainda deve pensar: “se ela não tiver jogado fora...”. Sei como é, e deve ter doído em você. Antes de ser ingrato comigo, também fui a geladeira. E se te consola ou alimenta ilusões, tenho antigas cartas e presentes guardados. Quem sabe ela também.
O caso é que nada disso tem algo a lhe acrescentar, visto do pressuposto que eu sempre mereci os olhos de vidro e as mãos de pedra. Eu te diverti, e te cansei. E exatamente isso aconteceu nas três (ou quatro) situações as quais me refiro. É sempre assim (claro que digo isso, pois voltei ao estado sólido). Um sempre tem que ser o gelo, e o gelo sempre vai se derreter com algo mais gelado ainda. O que acontece é: diversão, tolerância, amizade e cansaço. Mas não dá pra cansar e só cansar. Existe um critério clichê: explicação. Não é mais necessário.
Quando você era gelo e eu, derretida; éramos um barato! De outro jeito não dá, ficamos a 20 por hora. E no estado liquido, o qual o espertinho se livrou, ficamos dependentes; maleáveis. Mas eu escorri, você me soltou. Talvez tenha virado vapor, tive que chover, molhar. Mas sou gelo de novo. E, vai por mim, nada disso vai mudar. Não diz nada. É que a parte liquida que me escorre insiste em te escrever que eu não ligo mais. E quero que você realmente se derreta por alguém que também se derreta, e se una. Gosto de você depois da chuva e de um jeito saudável, além de não esperar (ou querer) nada de impressionante da sua parte. Só quero que se derreta, ser gelo por tanto tempo não deve ser divertido. Abraços e beijinhos coloridos do ice refrescante que te escreve sem esperar (ou querer) resposta alguma.

Platonismo interrompido




Eu tinha doze anos e bambeei as pernas
Ele era alto, forte, sobrancelhas grossas
E um lindo rosto de espinhas
Queria me beijar
Nada de beijo nos três foras seguidos
Mas o amava loucamente

Eu tinha quatorze anos quando tive a quarta chance
E beijei!
Foram beijos na boca, bochecha e pescoço.
Me levou pro estacionamento
Queria me despir
Nada de sexo e uma briga idiota
Mas o desejava como uma enferma

Eu tinha dezessete anos e tranzei com ele
Nem sei se com ele ou com o conhaque
Talvez mais com seus dois amigos
Sai da sua casa e estava no bar
E quis ter beijado ou tranzado antes
Quem sabe nunca
Ele era melhor de cama há cinco anos atrás

Dona Eleonora


Já namorávamos,
Sem nos conhecer.
Você me procurava
Na porta da escola,
Eu te esperava me procurar.

Os beijos,
Eram sorrisos simplórios.
Nas brigas,
Me escondia pra ver
Se você me procurava.
E procurava.

Era isso,
Não tínhamos nome,
Só uniforme.
Não nos falávamos,
Olhávamos.
E passou muito tempo.

Até que nos vimos,
Num carnaval.
Não era tão bom na cama,
Como imaginava.
Nem tinha o ar protetor.
Nada de sensações.

E quando nos vimos
No carnaval,
Acabou o ingênuo amor.

8 de fev. de 2009

A FELICIDADE PODE DEMORAR

Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado. Às vezes nos falta esperança. Às vezes o amor nos machuca profundamente,e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa. Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar...é nossa razão de existir. Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino. Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa. Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um pôr do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto. É a força da natureza nos chamando para a vida. Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade. Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo. Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram... Descobre também que outras disseram eu te amo uma única vez. E agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrado. Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatoresimportantes: a relação com a família, as condições econômicas nas quais se desenvolveu. (dificuldades extremas ou facilidades excessivas formam um caráter), os relacionamentos anteriorese as razões do rompimento, seus sonhos, ideais e objetivos. Não deixe de acreditar no amor. Mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguémque dê valor aos mesmos sentimentos que você dá. Manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam. E certifique-se de quequando estão juntos, aquele abraço vale mais que qualquer palavra.Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoate deixar, então nada irá lhe restar. Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco. Pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar e seu sofrimento será aindamais intenso, do que teria sido no passado. Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário. Existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo. A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna. A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem...

Luis Fernando Veríssimo

DAR NÃO É FAZER AMOR

Dar é dar.Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.Mas dar é bom pra cacete.Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...Te chama de nomes que eu não escreveria...Não te vira com delicadeza...Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.Melhor do que dar, só dar por dar.Dar sem querer casar....Sem querer apresentar pra mãe...Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...Te amolece o gingado... Te molha o instinto.Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.Dar é bom, na hora.Durante um mês.Para os mais desavisados, talvez anos.Mas dar é dar demais e ficar vazio.Dar é não ganhar.É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro. É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra daro primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:"Que que cê acha amor?". É não ter companhia garantida para viajar.É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.Dar é não querer dormir encaixadinho...É não ter alguém para ouvir seus dengos...Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito. Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.Esse sim é o maior tesão.Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuarExperimente ser amado...

Luiz Fernando Veríssimo