12 de nov. de 2010

Apática

O parágrafo de um livro que palpita
A doença que encarece
A carência que enlouquece
O estranho que excita

Conta-gotas de razão
Caçadora de emoção

Um enorme buraco negro

25 de out. de 2010

Hoje não sei se é frio ou calor,
se é gozo ou dor...
Hoje nem sei se os passos que ouço vem do lado de fora.
A minha porta é de vidro e colorida,
Mas tão frágil, que com Eros sou desprotegida.
Agora é tudo manso, a dor é mansa, é manso o amor que sinto.
A saudade já macia me abraça no travesseiro,
a vontade que está fria me arrepia no chuveiro...
Quero colo e cafuné.

23 de mai. de 2010

Por fora de mim

Ser coragem, desatino, a flor da pele

Rir gostoso, amar doído
Toda vida
Vida toda
Erótica, exótica, esotérica
Mulher, moça, descompasso
Desafinada, desesperada paixão
O choro aos soluços
Embriagada
Cração palpitando aos olhos
que procuram
que almejam
que não sabem.
Ser impropério, do mundo, pra fora
Metida, entrosada
Um toque, um tom
A ingenuidade crédula
Cativa, nativa, ativa
Todo tempo
Tempo todo
Ludimila

2 de mai. de 2010

Mineirinho

Fins de semana:
Pedir a benção para papai e mamãe,
Ver namorados no portão,
ir à um bar familia ouvir boa música,
Não pedir licença para cantar,
Como sempre, a saídera na casa de alguém,
Acoplar pessoas ao nosso bonde,
Rir o quanto conseguir,
Contar segredos, e também rir deles;
Há o que vai embora quando começa,
Há sempre o que dorme bem no meio de tudo
Acorda e toma um café pra se inteirar do babado,
De manha, um grupo de homens jogando truco no meio da rua,
numa mesinha de buteco,
A fila de domingo para o frango assado do almoço,


E um homem desafinado vai cantando atras de você no ônibus que demorou eternamente.

28 de abr. de 2010

Desde pequena eu gosto de ver de dentro pra fora, virar as coisas ao avesso, abrir, costurar, fazer remendos...
Com as bonecas, com os carrinhos, com as televisões, os radinhos e as pessoas.

24 de abr. de 2010


-Entre mar e rio, eu escolheria ser rio.

O mar é imenso no seu vai e vem infinito.
O rio sinuoso vai. E só.
O rio é largo, é estreito, cai.
O mar é plano, é pleno, paisagem.
O rio vem de cima.
O mar já foi um rio, e salgou.
O rio é interior.
Não existe mar sem rio.
Deságua o rio, por fim, no mar.
As pessoas se divertem na água doce.
As pessoas se divertem na água salgada.
As pessoas adoçam e salgam com as águas.
As águas são como as pessoas, imensas no seu vai e vem infinito...

23/04/2010

Para fazer uma omelete é preciso quebrar alguns ovos.
Às vezes me pergunto quanto a integridade dos ovos ou o proveito da omelete.
Um mal cozinheiro tentaria explicar o sacrifício;
dizendo que é preciso quebrar alguns ovos para fazer uma omelete...

10 de abr. de 2010

Luciana Elaiuy - A MENTIRA TEM PERNAS LINDAS

AMOR PRIMO
Pra calorar noites frias
Fite as horas aos olhos das tias.
A sala tem poros.
Os glóbulos, ódio.
A casa transpira,
O sabor da cortina
É ótimo.

ROTINA DE APROXIMAÇÃO
Você tem uma bala?
Eu quero uma bala,
você tem uma bala?
Uma bala? Uma bala?
Uma bala? Uma bala?
Bala? Bala? Bala?
Bala, bala, blala, bala,
bala, bla, bla, bla, bla,
bla, bla, bla, bla?
Blá! Blá, blá, blá, blá, blá,
blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá.


ai = dor
ai ai = amor
ai ai ai = preocupação
ai ai ai ai = musica sertaneja
ai ai ai ai ai = musica mexicana

VERBOS NOTURNOS
Uma cama me engoliu com lábios de colchão e cobertor.
A noite mastigou minhas validades,
destruiu meus planos com dentes de despertador.

CANDURA
A dureza da palavra está no fato de ser pura.

-TE
Tomou em cápsulas para ter coragem,
tomou com água e quis tombar paredes e colunas.
Foi torta e tipicamente tensa na temperatura tonta daquele tempo, mas depois,
tranquila,
teceu os fatos, tricotou as tensões e tirou
disso tecidos e tapetes prontos para voar.
Tocou o céu e todas as Terras sem tremer,
teimou com as nuvens e entrou pro time dos tristes nunca mais.
Testou as últimas chances e tingiu suas
tentativas com cores que antes não tinha nos olhos.
Tinta fresca para novos dias, tempo tenro para tardes
e terraços, trajes tipo preguiça, teatro para todos os tatos, aplausos para todos os
toques, tempero para o terço das coisas, tabuleiros para os gestos e detalhes.
E depois de tanto voo, tanto azul, tanto texto, tanta tarde tímida, o tumulto da vergonha transbordou terceiras
intenções e eu também tomei das pequenas cápsulas para tratar as tonturas de
ver e nunca ter-te.

OVERBODOSE
Overbodose é um verbo viciado na linguagem. Overbodose.
São doze bodes presos? São bodes espiatórios vagando com os meus segredos. O verbo é over, o verbo é ovulo, ovni, é ovo. O verbo é oco.
O indizível é o que mais odeio. Ele me abusa quando não há canetas, me ouve se leio pra dentro. O verbo é vértebra e músculo,
orgânico como a overdose. Obtuso como um devaneio, vai saber.
O verbo sabe ler? Ele é pobre, não escolhe. O verbo é pele. É bobo, é bento. É a segunda idéia de Deus, é feito de carne, feito de eu.
O verbo não é vantagem, é direito. Em vinagre vigora meus defeitos,
conserva cabeceiras e olheiras quando me deito.
O verbo é a cama, é a grana, e nunca estamos satisfeitos.

O SAL
O sal saiu pra comprar sal. Nem sempre a doce vida é a melhor vida. Doce enjoa.
O sal dá sede. Sal deixa a gente vivo. Ele saiu pra comprar sal.
Deixou a casa acesa. A luz em cima da mesa. A busca é sempre a mesma: levar o sal pra casa, tempero de uma risada, graça até pro copo d'água,
mas a sede é sempre vesga.
Ele cruzou as esquinas, cruzou os dedos, mal sabia. O sal era a ausência que ele deixava quando saía, era o frio de estar sozinho, o sal era só até
a esquina, era ela sentir a falta um pouquinho. E ela sentiu. Por isso temperou os planos pro futuro com têmperas tensas e empolgadas. Visões um tanto salgadas, mão molhada, ela sob a luz daquela mesa. Esfomeada. Esperou. Mais um tanto de espera, mais um tanto de espera, mais um tanto de espera, mais um tanto de espera, ele não voltou. Pesou demais a mão no tempo e o tempero dessalgou.
Ela escreveu na geladeira "o sal acabou". E saiu pra comprar um doce, mas a busca é sempre amor.

24 de mar. de 2010

Aranhas

Quanto mais elegantes
            mais peçonhentas.

21 de mar. de 2010

Up!



Meus sentidos estão cada dia mais pesados, as recordações viram um misto de remorso e orgulho, tento enxergar o que vai ser. Sinto saudades de sonhar sem impecilhos, de me apaixonar, de me colocar inteira em cima de uma nuvem e por lá ficar até quando bem entender (ou a coisa complicar).
Agora essa capacidade está em teste, mágoa é uma palavra presente; como também é presente o chocolate, os cigarros, as lágrimas. Por coincidência caem tempestades seguidas de arco-íris, bem na minha janela.
 Nessa hora sinto uma felicidade gigantesca, diria plena. Um orgulho enorme de ser quem sou... Assisto "100 escovadas antes de dormir", me reconheço; agora com o final. Tenho uma família que nunca será perfeita, mas me ama, tenho conquistas que me empurram pra frente, sou uma mulher menina bem sabida das coisas da vida, me aceito, me adoro, amadureço.

27 de fev. de 2010

E você usa minhas frases vagabundas para se gabar com qualquer mocinha... Sabe de uma coisa? Sua criatividade é maior que a minha.

Escolhas

Qual a hora certa pra saber
se sim
ou não?
Não existe meio termo,
você escolhe o que dizer.
Se arrepender?
A maior curiosidade é viver pra ver como essa história termina,
e talvez, sentir-se viva é como estar num programa de entretenimento;
você não faz as regras, mas tem um papel coadjuvante menor, parece importante. 
Você está nos holofotes.
Essa sensação de impotência,
Essa sensação de egoísmo,
de protagonismo, que me engana.
Ser espectadora de si mesma,
é como ser a mocinha indefesa, sem herói.
E só nos sonhos, só neles, estamos a salvo.

21 de fev. de 2010

CARRASCO
  CARA
          ASCO
Se o mundo fosse em preto e branco, se camuflar não teria graça.
Para bom leitor um ponto é retissências.

Frustração

é ter medo de sonhar.

MUDANDO O RUMO

Ultimamente eu acordo quando dá certo
e vou dormir quando não mais é possível.
Mas continuo andando de avental,
sempre pode pintar sujeira.
Se eu soubesse antes a força da verdade,
passaria a contar belas mentiras.
E aprendi que um sorriso amarelo
pode abrir passagem pra você,
mas, vale a pena?
Na verdade, só tinha o desejo de andar,
só sair, conhecer pessoas...
Pra que ser magnânimamente adimirável?
É tão mais gostoso só admirar!

Sem mostrar a dentadura
não dá pra ser estrela.