O que (se) foi
É (s)ido!
10 de out. de 2009
Tudo azul
Desde pequena eu inventava que existia uma cor pra cada coisa. E inventava que se um dia crescesse iria mudar as cores que não combinam. Amarelo nunca foi só a cor do sol, é a cor da alegria, me sinto amarela de vez em sempre. Roxa não era só a cor da uva que eu coloria, era a cor das menininhas que me faziam mal na escolinha. Roxo é a cor da inveja, da falsidade. Azul é unanimidade, significa tranquilidade, paz; e pra mim não foi diferente. Branco pra nunca foi cor, nem branco nem preto, mas são essenciais para a composição; concordo que são cores neutras, e neutro é nada. Não gostava de rosa, não consegui o desvincular da minha festa de um aninho na qual eu era uma princesinha... E princesinhas sempre me irritam. Verde, uma cor especial, tão mais bonita quando íamos pra roça comer uma comida mais gotosa do que a da empregada.
Enfim, sempre que alguém surgia, que me vestia, que pintava ou usava o meu poder humano de transformar, achava que estava reformando as cores do mundo. De fato a vida ganha novo charme quando nos vestimos com as cores e o estilo do nosso humor.
Mas, previsivelmente, sempre preferi o vermelho. Vermelho era o meu menor lápis. Não podia colorir sem colocar, ao menos, um pinguinho. E incrivelmente, amo o vermelho mais ainda. Vermelha é a cor da placa de proibido, é a cor da maçã que Eva comeu, é a cor das unhas malditas dantes, é a cor quente do céu da boca, dos lábios que desejam, do rosto envergonhado...
Queria uma sala vermelha, um cachorro vermelho, uma vida vermelha. Mas, como nem tudo é perfeito, nunca desejei o sinal vermelho. Então, fico feliz de tudo ser assim, tão colorido e quase tãoharmonioso.
Enfim, sempre que alguém surgia, que me vestia, que pintava ou usava o meu poder humano de transformar, achava que estava reformando as cores do mundo. De fato a vida ganha novo charme quando nos vestimos com as cores e o estilo do nosso humor.
Mas, previsivelmente, sempre preferi o vermelho. Vermelho era o meu menor lápis. Não podia colorir sem colocar, ao menos, um pinguinho. E incrivelmente, amo o vermelho mais ainda. Vermelha é a cor da placa de proibido, é a cor da maçã que Eva comeu, é a cor das unhas malditas dantes, é a cor quente do céu da boca, dos lábios que desejam, do rosto envergonhado...
Queria uma sala vermelha, um cachorro vermelho, uma vida vermelha. Mas, como nem tudo é perfeito, nunca desejei o sinal vermelho. Então, fico feliz de tudo ser assim, tão colorido e quase tão
7 de out. de 2009
3 de out. de 2009
2 de out. de 2009
“Ai, seu moço, eu só quiria
Pra minha filicidade,
Um bão fandango por dia,
E um pala de qualidade
Pórva, espingarda e cutia,
Um facão fala-verdade
E uma viola de harmonia
Pra chorá minha sódade
Um rancho na bêra d´água,
Vará de anzó, pôca mágoa,
Pinga boa e bão café...
Fumo forte de sobejo...
Pra compretá meu desejo,
Cavalo bão – e muié!”
Pra minha filicidade,
Um bão fandango por dia,
E um pala de qualidade
Pórva, espingarda e cutia,
Um facão fala-verdade
E uma viola de harmonia
Pra chorá minha sódade
Um rancho na bêra d´água,
Vará de anzó, pôca mágoa,
Pinga boa e bão café...
Fumo forte de sobejo...
Pra compretá meu desejo,
Cavalo bão – e muié!”
Medos
Morro de medo de esquecer
Esquecer o que penso, então escrevo.
Esquecer fatos cotidianos, que são especialmente relevantes para o resultado eu.
Esquecer pessoas contribuintes para isso.
Esquecer as lições que tiro de cada singularidade...
Espero nunca esquecer de agradecer.
Agradecer a mim mesma pela lucidez,
As pessoas que importam, por existirem;
As que não importam por não serem importantes, e assim, não atrapalharem.
Agradecer especialmente ao meu cachorro pela atenção de todo dia.
Não tenho tanto medo de perder...
Só me acho quando perco, ou me perco.
Mas morro de medo de esquecer meus valores
Esquecer que sou honesta comigo mesma, e isso importa.
Esquecer que não vale a pena passar por cima do meu cadáver pra ser feliz.
Esquecer que sou forte e de ferro.
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