26 de mai. de 2008




Hospício
(Ludimila Tôrres)

Não tão normal como você,

Acho que a minha fissura não tem limite
Minha vergonha se perdeu;
Eu não tenho conceitos.
Já fui
Atriz,
Líder,
CDF,
Amiguinha,
Doidinha,
Vampira,
Princesa,
Não quero nada e o que eu quero não está no meu limite
Vou tomar um conhaque e aliviar minha tensão
Sem regras eu me prometi: vou fazer meu coração sofrer...
Sabendo que isso vai me doer,
Mas preciso sair desse tédio insuportável,
Quem já provou do mel deseja o néctar
Preciso trair os meus valores, minhas crenças idiotas...
Preciso te ver mais uma vez e saber o que eu vou sentir depois...
Há muitas formas de me ver no espelho,
Não sou igual a nenhuma mocinha regrada.
Sou desigual até de mim mesma
Vou pintar o cabelo de uma cor diferente
Colorir minha pele
Caçar novos horizontes, novas ruas.
Buscar a expansão...
Vou curtir com a cara dele
Vou ser má e boazinha
Branca de neve e madrasta
Não tenho pra onde ir, mas não quero ficar aqui...
Vou roubar da carteira do meu pai
Há quanto tempo desejo teu abraço e tua voz no meu ouvido novamente
Há quanto tempo nem me lembro mais...
Estou no mais fundo poço
Olho a minha cara no espelho, o vinho no copo e o cigarro a queimar.
E esse tédio a me arruinar
Meus olhos nem querem olhar,
Minha voz não quer sair
Nem os meus ouvidos querem ouvir...
Indiferença eu faço de tudo
Nada consegue me afetar
Tenho que sofrer mais do que isso, pra minha tensão aliviar.
Já cortei meu braço, chorei e bati minha cabeça no teto...
Mas eu preciso sentir no coração,
Vou trair minha milésima paixão...
Minha primeira traição.
Essa decadência e essa carência de carinho vão mudar.
Alivio imediato
Proteção,
Abrigo,
Um lugar em que não exista nenhum são
Vou pra um hospício!!!

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