26 de mai. de 2008

Comentada


(Ludimila Tôrres)


Uma mente brilhante

O que seria de uma verdadeira mente brilhante não inventar a própria vida, exatamente da mesma maneira com que sonhara ser vivida? Assim vive John Nash, gênio matemático Dom Quixote que foge da monotonia solitária de um jovem sonhador criando a sua própria realidade. Sua vida ganha sentido quando conhece seu novo companheiro de quarto, que o ajuda com seus empreendimentos revolucionários no mundo da matemática. Suas anotações nada normais dos movimentos dos pombos impressas nas vidraças, seu emprego novo pelo qual tanto sonhara, ajudando seu país a se livrar de uma imensa conspiração russa planejando eliminar milhares civis americanos, nos remete ao mais belo de todos os loucos da literatura mundial, perseguidor de moinhos de vento e matador exércitos de ovelhas perigosas. John inventa a sua vida por vários anos até que sua esposa e companheira o traz a realidade. Uma realidade banal, mas promissora para o nosso Dom Quixote; que faz da loucura um caminho para a genialidade. Curado ou quem sabe apenas acordado, John já velho reconhece que o seu prazer é imaginar e até sonhar; e quem sabe todas as suas ilusões tenham se traduzido em realidade ao perceber que suas conquistas haviam sim, ao contrario do louco admirável da literatura, sido reconhecidas e por mérito premiadas. Mas o mais interessante na loucura de John, e o que mais intriga o espectador é que a sua mente brilhante resolveu a própria equação da sua cura: “É somente nas misteriosas equações do amor que alguma lógica pode ser encontrada”. Assim o filme nos intriga a pensar: “Aquele que foi chamado o mais encantador dos loucos, não foi também dos seres humanos o mais sábio?”.

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